11 fevereiro 2008

Classic # 12 - Portishead - “Dummy” (1994 Go! Discs)

Se Beth Gibbons e Geoff Barrow andavam a planear o que seria “Dummy” há mais de um ano, o guitarrista Adrian Utley andava a compor banda-sonoras privadas há muito mais tempo. E seriam as bandas-sonoras que os iria juntar, pois Barrow adorava “samplar” velhas bandas-sonoras para os seus sets de “dj”. E numa dessas sessões conheceu Utley, tendo-o convidado a partilhar e reforçar sonoramente o projecto que inicialmente resultava na partilha de outra das suas paixões – o “hip-hop” - que Barrow estendia sobre as paisagens sonoras criadas, com uma sedutora cadência, esmigalhadas pela delicadamente sombria voz de Gibbons.
“Dummy” é um disco intemporal, que alterna de tom, de dilacerantemente sombrio, até lamentável, até levemente optimista. Está encharcado em melancolia e depressão, ajustada à música. As canções são simples e evocativas, mas substanciais.
A tensa delicadeza de “Sour Times” (“nobody loves me, it’s true” - tornou-se numa das expressões da década), ainda hoje é relevante. E juntamente com “Numb”, “It Could Be Sweet” e “Glory Box”, foram declarados como fundadores de uma nova revolução sonora, denominada trip-hop.
O disco inclui outros destaques, como o espectral e relaxante “Mysterons”, o delicado “Roads” ou o agressivo “Wandering Star”. O disco arrasta o ouvinte para um abismo aveludado.
Os teclados Rhodes e o órgão Hammond são o núcleo do insinuantemente sublime som, adicionando um sentido épico à maioria das canções. Simultaneamente, os flexíveis acordes de guitarra e a percussão “jazzy” dão-lhe um ar terreno.
Muitos estilos musicais estão implícitos no disco (rock, soul, hip-hop, jazz, electrónica, música clássica), no entanto mantendo-o consistente e agonizantemente belo, e por isso mesmo, hoje a sua influência é tão notória e relevante.

3 comentários:

Joe disse...

É como dizes, meu caro. Há discos pelos quais parece que o tempo não passa. Ou que só passa para os tornar ainda mais perfeitos. Lá estaremos daqui a mês e meio, mais coisa menos coisa.
Abraço

Shumway disse...

Sim, sim, lá estaremos.

Abraço

O Puto disse...

Lá estarei também, com família e amigos.