04 junho 2008

My Favorites # 9 - Soul Coughing - “Ruby Vroom” (1994 Slash)

“Ruby Vroom” é a vertiginosa investida de uma ruidosa civilização indecisamente, contudo irrevocavelmente em direcção a um novo milénio. O que faz com este disco seja a banda-sonora ideal dos anos 90, uma década onde os géneros musicais confluíam sem aviso e a história era uma coisa do passado.
Uma década onde a maioria das bandas passeou sem objectivos, procurando o abrigo na elusiva sonoridade pós-Nirvana, M. Doughty e companhia, criaram um som único - onde batidas “avant-noise” e melodias fracturadas colidem conscientemente - ao combinaram a poesia com “rock”, “hip-hop”, “blues”, “folk”, “techno” e muito mais, numa magnificamente subtil e agradavelmente eclética “mix” (excelentes músicos, destaca-se o impecável trabalho de Yuval Gabay na bateria).
Juntaram um inteligente, elegante e gracioso, mas cortante vocabulário, e os resultados estão excepcionalmente expressos seja na melancólica canção de amor na América rural em “True Dreams of Wichita”, seja no épico e despropositado sobrecarregado “jam” “Uh Zoom Zip”, seja na história do vendedor ambulante que more de “overdose” num quarto de banho de um hotel em “BlueEyed Devil. “City of Motors” conta a sinistra história de um roubo e da testemunha que o presencia, e “Screenwriters Blues” é um fantástico instantâneo de Doughty numa imaginária vida como argumentista em Los Angeles, cheia de contrastes entre os aspectos negativos de Hollywood e L.A., e a beleza que a cidade exibe.
E ainda falta referir “Mr. Bitterness”, “Is Chicago, Is Not Chicago”, “Casiotone Nation”, “Down To This”, “Bus To Beelzebud”, todas elas geniais.
Uma das bandas mais criativas, inovadoras e interessantes dos anos 90, e também uma das mais inclassificáveis, foram um verdadeiro oásis.
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1 comentário:

O Puto disse...

Ainda me lembro da manhã em que o meu irmão andava a cantarolar "A man drives a plane into the Chrysler Building...". Quando fui a um posto de escuta de CD's ouvi "Ruby Vroom", identifiquei logo a faixa de abertura e apaixonei-me pelo álbum. É um dos grandes momentos dos 90's. Grande concerto deram eles na Aula Magna. Andam sempre comigo na mala de CD's. Abraço.