“The Crackdown” (1983 Virgin)
“Micro-Phonies” (1984 Virgin)
“Code” (1987 Virgin)
Numa altura em que o “punk” dominava, existiram alguns movimentos que fugiam aos padrões sonoros do género. Muitos deles trabalhavam com instrumentos electrónicos e pré-gravações, e numa primeira, e mais primária fase, ficaram rotulados como electro-industrial.
Em Sheffield, uma cidade industrial, na verdadeira acessão da palavra, iriam aparecer grupos como os The Human League, os Clock DVA, e os Cabaret Voltaire. Estes últimos seriam um dos mais importantes ao combinarem música electrónica experimental com o “pop”“dub”, “tecno”.
Formados por Stephen Mallinder, Richard H. Kirk e Chris Watson, a sua evolução sonora esteve interligada com a evolução da própria tecnologia, evoluindo das primitivas colagens sonoras para os sintetizadores e samplers.
Uma forte componente visual sempre os acompanhou, desde as imagens que eram projectas nos espectáculos ao vivo, passando pelo grafismo dos discos, e os vídeos – neste último tendo criado a sua própria produtora de vídeo, a Doublevision.
Numa primeira fase dominava a agressividade politica e o terrorismo sonoro, dissonante e vibrante muita na veia dos Throbbing Gristle. Era um som experimental, livre electrónica industrial, e assim temas como “Silent Command”, “Eddie’s Out” ou “Control Addict” mais se parecem com colagens sonoras do que verdadeiras canções. Nesse período gravaram dois álbuns fundamentais, “Red Mecca” (1980) e “The Voice of America”(1981).
Já reduzidos a um duo com a saída de Watson, que iria formar os Hafler Trio, assinam pela Virgin, e a partir daqui a sua sonoridade ficou mais elaborada e passou a focar-se em ritmos mais dançáveis, mais “pop” orientados, e com a incorporação de estruturas do “funk”. Isto em 1983, quando a música industrial ainda se estava a desviar das guitarras e a norma era emergir nas electrónicas (Test Department) ou na experimentação (Einstürzende Neubauten).
Desta segunda fase resultaram discos como “The Crackdown” (1983), “Micro-Phonies” (1984) ou “Code” (1987), onde estavam incluídos alguns dos seus melhores temas, mas também os mais acessíveis como “Sensoria” ou “Here To Go”, que rapidamente se tornaram favoritos das pistas de dança.
Era um som sombrio, os ritmos frios e as vozes hesitantes com mensagens e advertências. E apesar do som mais “limpo” a imagem dos CV continuava algo sinistra, mas talvez mais distinta, e gradualmente foram desenvolvendo a variação “dançante” da música industrial que eventualmente definiu o género a partir de meados dos anos 80. A mudança começou com “The Crackdown” onde a música é mais complexa e estratificada, destacam-se “Talking Time”, “Crackdown”, a maravilhosamente complexa e altamente introspectiva “Just Fascination”, e as excursões ambientais de “DoubleVision” e “Badge of Evil”. Seguiu-se “Micro-Phonies”, provavelmente o melhor disco do CV, é mais disciplinado e resoluto, mas um dos mais intransigentes do seu tempo. Uma verdadeira banda-sonora da idade moderna, está cheio de humor negro e comentários sociais, visíveis nesse exercício de “samples” que é “Do Right”, na ciber-paranóia de “Spies In The Wires”, ou em “Blue Heat”. “Code” é o mais acessível, mas completamente contagiante, produzido por Adrian Sherwood, é mais “funky”, mas musicalmente inteligente e cínico. Destacam-se “Don’t Argue”, “Thank You America” e “No One Here”.
Seguiram-se colaborações com produtores como François Kevorkian, que realizaram remisturas com o intuito de tomar de assalto as pistas de dança, que iria culminar em 1990 com a edição de “Groovy, Laidback & Nasty”, já bastante influenciado pela sonoridade “house”.
Desde 1994 que estão semi-retirados (Richard H Kirk continua muito activo com vários projectos – Sandoz, Dark Magus, Sweet Exorcist), mas esta variação de música electrónica industrial iria influenciar directamente grupos como os Front 242, Nitzer Ebb, Skinny Puppy e Nine Inch Nails, o lado negro do “tecno pop”._
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