14 janeiro 2009

Tributo # 9 - The Fall

Se visualizarmos uma das primeiras tabelas de vendas independentes do Reino Unido em 1979 encontramos obscuridades como os Splodgednessabounds ou The Vibrators, mas também encontramos um grupo desse período que nunca parou. Imunes às modas, unicamente auto-confiantes e possivelmente o mais desprezível grupo de sempre, os The Fall e o seu implacável ditador Mark E. Smith perduram.
Ao longo de 33 anos, em 17 diferentes editoras, através de mais de 40 membros, entregaram-nos cerca de 60 discos oficiais, sendo 27 de gravações originais e a sua história é imensa.
Elogiando The Stooges, Can e a música “reggae” anos antes de todos se tornarem objectos de moda, Mark E. Smith formou os The Fall em Salford, Manchester no final de 1976. O seu primeiro disco foi o EP “Bingo-Master’s Breakout” em 1978, uma bizarra história de um mal fadado jogador de bingo, executado por uma banda que não sabia tocar e um vocalista que não sabia cantar, ainda hoje subsiste brilhantemente. Um ano depois surge o primeiro álbum – “Live At The Witch Trials” – a veloz percussão, os inarmónicos teclados baratos e as gatafunhadas guitarras já fariam este disco muito perturbador, mas Smith “ladrando” histórias de terror e farsas psicóticas por cima das mesmas, dizia mais sobre “punk rock” que muitos dos discos da altura. O segundo disco de 1979 –“Dragnet” – viu a chegada do guitarrista Craig Scanlon e do baixista Steve Hanley – e uma espécie de núcleo central formou-se. As contínuas edições de discos determinaram um standard para uma implacável produtividade. A ideia comum era que os The Fall tinham muito mais ideias que a maioria dos contemporâneos. Essa abundância de material era continuada nas letras que eram uma verdadeira confusão mental, e a essência dos The Fall - não-partidários, visões tangenciais, sátira social e uma aversão à sofisticação urbana.
Em 1983, com o seu casamento com a guitarrista Brix Smith, a sonoridade suavizou para formatos “pop” mais reconhecíveis. E descortesmente, na década seguinte os The Fall perseguiram um rota mais comercial que anteriormente. No final dos anos 80 incorporaram alguns elementos de programação electrónica, cuja experimentação atingiu o auge em “The Infotainment Scan” de 1993. No entanto em 1995, aquando da edição de “Cerebral Caustic”, tornou-se claro que um tipo de deterioração se instalou. Os concertos tornaram-se cada vez mais erráticos, culminando com uma cisão total depois de uma luta em palco entre Smith e os restantes membros, em Abril de 1998 na cidade de Nova Iorque – a saída de Hanley, um dos membros mais antigos, e que discutivelmente era tão crucial como Smith, poderia indiciar o fim do grupo.
Mas tal como muito erradamente muitos citam o início dos anos 80 como o único período valido dos The Fall, uma lição é que nunca sabemos o que esperar desta banda. Rapidamente uma nova formação se agrupou, e os concertos e gravações recomeçaram, e já em “The Unutterable” (2000) a banda soava totalmente inspirada. E ainda hoje, numa altura onde a musica “underground” é cada vez mais difícil de se identificar, Mark E. Smith continua a ser o seu padrinho.
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The Fall - Bingo Master's Break Out

2 comentários:

M.A. disse...

Então, sábado lá estamos...

Abraço!

Joe disse...

Aproveitando a deixa, está-se a combinar uma jantarada antes do concerto a que vai uma série de gente que frequenta o teu blog, e outros da mesma linha (nomeadamente o cavalheiro que comentou antes de mim). O grande organizador é o Mr. Mouco, mas se te quiseres juntar diz qualquer coisa para o email que está no meu blogue. Senão vemo-nos lá.
Um abraço!