11 setembro 2009

Regina Spektor – “Far” (2009 Warner)

Inicialmente fiquei alarmado com a curiosa presença de produtores como Jeff Lynne dos ELO, ou Jacknife Lee (Snow Patrol, Bloc Party), mas Spektor apresenta-nos um disco imaginativo e poético que é uma mistura da suavidade “pop” de “Begin To Hope” com o anti-folk de “Soviet Kitsch”, e onde as contradições da sua música ainda estão presentes.
A apoiar a sua grandiosa voz, estão letras inteligentes e obtusas, e tortuosas melodias inesquecíveis, onde se destaca o seu absolutamente mágico uso da narrativa, que permite criar canções acessíveis, mas poderosas, que comunicam ideias complexas e reflexões impares de uma forma que até uma criança pode apreciar, que maravilhosamente exploram as maiores questões da natureza humana – religião, fé, amor, confiança, morte, etc. Existe um gradual acréscimo de instrumentos adicionais, e “Far” exibe momentos de grandeza orquestral, que resultam numa ecléctica colecção de sons e canções.
Temos a felicidade rejubilante da ode “The Calculation”, a incandescente “Dance Anthem of The 80’s”, a intensa e contemplativa “Laughing With”, a sinistra e industrial “Machine”, a misteriosamente intitulada “Eet”, a simplicidade de “Wallet”, a fuliginosa e poderosa “Man Of A Thousand Faces”, a espantosa “Human Of The Year”, a mordaz “Genius Next Door”, a assombrosa meditação “Blue Lips”.
Não agradará a todos, mas é mais um excelente disco de uma estranha e apaixonante executante que consegue tornar fácil e acessível, uma música desafiante e assim torna-la muito mais gratificante para o ouvinte.
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