10 março 2010

Do fundo da prateleira # 20 - Bowery Electric - “Beat” (1996 Kranky)

Os nova-iorquinos Bowery Electric eram uma banda de “pós-rock” vulgar, que aproveitaram o abandono do seu baterista para se virarem para os “beats” programados, pois o sempre tiveram um confesso interesse por produções “hip-hop”. Esse facto iria mudar-lhe o rumo e “Beat” tornou-se um marco importante do género.
Tentarem seguir a formula do seu disco homónimo de estreia, e aqui, ao longo de dez canções criaram uma sonhadora e delicada atmosfera, através de uma perfeita mistura das altaneiras, ligeiramente distorcidas, arqueadas e ressonantes guitarras, com ambientais texturas de sintetizadores, “drum loops” e os particularmente subtis “beats”.
O disco foi verdadeiramente bem produzido, e apesar de não ser nada de verdadeiramente novo, assim o parece, e ouvi-lo hoje, 14 anos depois da sua edição, não podemos de deixar de encontrar ligações no trabalho de Ulrich Schnauss ou dos M83, entre outros.
A distinta e solícita combinação de “shoegaze”/”dreampop” e electrónica ambiental, resultou numa atraentemente estática sonoridade híbrida. Mais espaçada dos que uns My Bloody Valentine ou Spacemen 3, mais quente do que uns Seefeel, mas possuidora de um certo mecanismo minimalista que evita a mesma de se deslocar para um rumo de trivialidade. A bela e luminosa voz de Martha Schwendener, perfeitamente ambígua e sedutoramente entorpecida é o complemento ideal para a música.
O disco é tranquilizador e ditoso nas rítmicas revelações de “Beat”, “Empty Words”, “Without Stopping” ou na soberba “Fear Of Flying”.
Completamente e inacreditavelmente excelente, é um disco que permanece connosco por muito tempo.
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