30 agosto 2010

Foals – “Total Life Forever” (2010 Transgressive)

Depois do ataque declamatório do seu disco de estreia - “Antidotes” - aqui surge uma tranquilidade e uma profundidade de emoções que os Foals nunca antes tinham abraçado.
É evidente uma maior ambição e uma maior maturidade, o que sugere que a prioridade da banda foi racionalizar a sonoridade “indie” mais acessível, que foi de alguma forma criticada no disco de estreia. É certo que as características guitarras encharcadas de agudos ainda permanecem, mas agora elas servem para adicionar sabor ao invés de conduzir as músicas, e também o vocalista Yannis Philippakis melhorou, e o seu emocional e arrepiante desempenho está a quilómetros de distância do seu indiscutivelmente repetitivo uivar do passado. Assim o som global é mais expansivo e a produção mais “calorosa”, eles expandiram consideravelmente a sua gama musical e combinaram todas as suas forças, mas raramente soam previsíveis.
Destacam-se a pálida e límpida “Blue Blood”, que lentamente acumula vigor antes de explodir num coro glorioso e num duplo serpentear de guitarras, e “Spanish Sahara”, que é inicialmente paciente e metódico, sendo os elementos adicionados gradualmente de forma a refazerem uma completamente satisfatória construção rítmica. Mas ainda temos as delícias “pop” de “Miami”, as texturas sensuais de “Black Gold” e “2 Trees”, a arrojada escultura melódica de “Total Life Forever”, as cintilantes guitarras e as camadas atmosféricas de sintetizadores de “This Orient”, as belíssimas melodias de “Alabaster” ou a simplicidade tribal de “What Remains”.
É pois a ambiguidade de estilos, e a insistência em levar o ouvinte ao longo de uma intensa viagem, que faz de “Total Life Forever” uma declaração de intenções infinitamente interessante.
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2 comentários:

playlist disse...

Bom regresso. Para já um dos bons discos que 2010 nos deu. Estes rapazes têm música dentro deles..

Gravilha disse...

um bom disco, sem duvida. a meu ver mais consistente que o primeiro, mas menos entusiasmante; em poucos momentos consegue descolar. achei muto interessante um certo ambiente underwater sugerido pela capa, talvez, e que envolve o disco todo. fez-me lembrar sinking dos aloof. abraço,