14 setembro 2010

Wavves – “King Of The Beach” (2010 Fat Possum)

Nathan Williams fez um álbum que poucos não o consideravam capaz. Pois entre a não existente qualidade de gravação e as encarecidamente apáticas canções, Williams gravou dois corajosos “lo-fi” álbuns num espaço de quatro meses. Mas entretanto muita coisa mudou, desde logo uma oportuna apropriação da antiga secção rítmica de Jay Reatard, e a utilização do estúdio Sweet Tea (propriedade do Dennis Herring, produtor de Modest Mouse, Throwing Muses ou Sparklehorse) que esteve muito longo da realidade do microfone incorporado dentro do Macbook que manipulou as gravações dos dois primeiros discos.
Mas essa transição do quarto solitário para o estúdio profissional poderia ter sido uma prova muito grande para ser superada no sentido de aprimorar as suas habilidades interpessoais e aguçar os danificados ritmos do seu desigual segundo disco.Mas mal o disco começa a tocar, é muito claro que esta não é a mesma banda que criou minutos de inaudível clamor nos registos anteriores. Com uma categórica produção, as canções agora surgem completas, duras como pregos, e os amplificadores viraram-se completamente para o máximo. O próprio Williams está diferente, em “King Of The Beach” encontramo-lo a comutar com a sua capacidade de composição interior (toda a aversão a si mesmo e frenesim adolescente ainda está presente, mas ele parece mais feliz), renunciando ao estático niilismo “lo-fi” a favor da clareza da “alta definição” – assim o álbum está saturado de elevadas harmonias polifônicas, estalados de dedos e palmas. A animosidade das espessas guitarras e da suja bateria de “Idiot”, o impecável 60’s “garage-pop” de “Post Acid”, o “rock” frenético de “Green Eyes”, ou a gentil e espaçada “When Will You Come”, fazem deste versátil e extremamente bem executado registo uma surpreendentemente boa surpresa.
_

2 comentários:

M.A. disse...

Diria que nem está melhor nem pior. Diferente, apenas. E em bom nível, as usual.

Abraço.

hg disse...

Shumway,
concordo em absoluto com tudo aquilo que escreveste sobre este disco. Eu, por exemplo, nunca pensei que este "idiot" conseguisse fazer um disco assim. E eu até me entusiasmei bastante com os discos anteriores. Quase tanto quanto me desiludiu a sua prestação ao vivo.