15 março 2011

Pop # 17 - Pale Saints - “The Comforts of Madness” (1990 4AD)

No seu disco de estreia, os Pale Saints, conseguiram misturar o lado mais experimental e atonal do “indie rock” com uma pureza melódica, numa época onde a fusão entre o “dream pop” e um gentil “shoegaze” era bastante comum, mas que poucos o fizeram como eles e essa associação ainda continua única nos nossos dias.
Aqui estamos presente uma matéria-prima energética aliviada por uma pureza pacífica.
Com uma personalidade muito própria, ao invés de apenas criarem um som abafado e atropelado por cascatas de guitarras, deram-nos canções muito elaboradas na sua estrutura, extremamente aconchegantes e onde se nota é visível um verdadeiro esforço em serem algo mais do que apenas uma banda com uma sonoridade etérea. E se é verdade que no espectro do “shoegaze”, os Pale Saints (que sempre pareceram criminalmente sob considerados) estão mais próximos de uns Cocteau Twins - com excepção dos gloriosos sintetizadores que são substituídos por um formato sonoro mais “rock” - existe definitivamente uma sensação “4AD”, mas também há algo verdadeiramente único neste registo.
Assim desde a primeira faixa, “Way The World Is”, eles não parecem seguir uma fórmula, e cada faixa segue para a próxima sem lacunas, pois eles possuem um verdadeiro ouvido para uma musicalidade progressista, e preenchem os espaços muito bem, executando mudanças dentro das canções com uma magistral precisão.
Existe um absoluto equilíbrio entre a excentricidade e a formalidade da estrutura “pop” ao longo do álbum, e em canções como “Little Hammer”, aventuraram-se numa direcção onde provavelmente nenhum dos seus contemporâneos nunca tentaria.
A combinação entre voz incrivelmente doce, misteriosa e assustadora de Ian Masters com o harmonioso trabalho de guitarra produzido por Graeme Naysmith deixou-nos pequenas maravilhas como “Sea of Sound”, “Insubstantial”, “Language of Flowers” ou “Sight of You” que nos guiam numa belíssima e transcendental viagem.
_

1 comentário:

Gravilha disse...

um disco magistral, sem qualquer dúvida; produção, não esquecer, a cargo de Gil Norton e John Fryer. projectos subsequentes de Ian MAsters, informação aqui: http://www.dfuse.com/spoons/intro.htm