12 dezembro 2008

Extremos # 4 - Boredoms


“Chocolate Synthesizer” (1994 WEA Japan)
“Super æ” (1998 WEA Japan)
“Vision Creation Newsun” (1999 WEA Japan)


Os japoneses Boredoms liderados pelo incomparável Yamataka Eye criam uma música agradavelmente difícil. Originários de Osaka, uma cidade bastante próspera culturalmente, com grandes tradições no “noise” experimental e minimalista, evoluíram do abrasivo “punk” divergente que praticavam nos primeiros anos para uma sonoridade verdadeiramente única. (Essa evolução é bem visível ao longo dos vários “Super Roots”)
No início da década de 90, ganharam maior notoriedade com a colaboração de Eye nos Naked City de John Zorn e com a partilha de palcos com os Sonic Youth. E foram estes últimos que os encorajaram a elevar a sua música.
Primeiro surgem “Pop Tatari” (1992) e especialmente “Chocolate Synthesizer” (1994) dois discos totalmente antinaturais, mas que de um modo crescente, nos cativam com o seu fascinante, anárquico e primitivo “noise-rock”. As aparentemente incongruentes e delirantemente indomáveis partes (“hardcore punk”, psicadelismo, “free jazz”, “hip hop”,etc) encaixam perfeitamente e o caos furioso presente ao longo de “Pop Tatari” é no segundo disco subordinado, disciplinado, concentrado e amplificado.
“Super æ” (1998) foi o ponto de transição, uma verdadeiramente impressionante afirmação da criativa perspicácia musical que os caracteriza. Incorporando mais elementos de uma impetuosa electrónica e “jams” de “rock” psicadélico, com densos e grandiosos acordes, e essas incomparáveis percussões poliritmicas, a sua sonoridade aproximou-se mais de grupos como Tangerine Dream, Can ou Hawkwind. E aqui é bem evidente a energia e paixão que os Boredoms entregam em cada disco. Um dos mais originais discos dos anos 90.
“Vision Creation Newsun” (1999) é um disco maravilhosamente focado e aerodinâmico. As frenéticas percussões tribais sustentam uma ditosa electrónica, “riffs de rock psicadélico e cânticos transcendentais. Os Boredoms parecem ter uma instintiva interpretação/compreensão da relação entre tensão e desprendimento, entre a dinâmica e a importância de espaço vazio. Um vibrante e voluto opus psicadélico.
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