
Quantos tentam codificar o que fizeram anteriormente, cuidadosamente, num fácil formato sonoro?
Carla Bozulich não. Já sendo uma semi-veterana com passagens por várias bandas (investiguem os excitante Geraldine Fibbers), regressa com uma banda (Evangelista) que era o título do seu último disco a solo. E aqui, num disco sincero, mas ferido, Bozulich, vai ainda mais longe na exploração das opressões íntimas, ao expor sofrimento e dor.
Acompanhada por alguns elementos dos A Silver Mt. Zion, e através de desarticuladas orquestrações, melodias formaldeídas, ásperos arranjos de cordas, e uma prosa perniciosa, Bozulich surge elegante e astuta, mas angustiada, criando uma sonoridade subtil e ríspido. Os cenários variam: a sabedoria negra e anciã em ” Mystical Prankster”, a provocação inabalável em “Truth Is Dark Like Outer Space”, a crueldade e o perigo em “Lucky Luck Luck”, culminando no claustrofóbico épico hino de “Paper Kitten Claw”. E não há palavras para descrever a grandiosa e delicada “The Blue Room”
Bem-vindos a um mundo invulgar e maravilhoso.
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